Depreciativo NÃO é depressivo!

Não tenho paciência para longas depressões
Se estiver deprimido, vá beber sozinho!
Se estiver depreciativo...

Vem beber comigo


domingo, 31 de outubro de 2010

Dia Especial


Chuva forte e lateral a noite,
logo hoje que fez tanto sol,
Dia lindo, crianças, cães, pais, mães, amigos e amores
Correr, nadar, pedalar, pular, brincar cair e levantar
Assim olhei minha vida passar, sendo olhado devagar
Com a atenção que mereço, 
pois assim eu fui feito
Para isso fui eu feito, 
com cuidado e esmero
Hoje é meu dia, hoje eu sou o maior
Procurado desde ontem, me preparo pra brilhar
Especialmente hoje sou o centro do olhar
Sim fui feliz, sou o melhor que conheço
Valho mais, maior, mais completo, mais querido
Mas como tudo, acabei, esquecido
O dia se vai, e com ele me perco
Nessa chuva nesse vento.
Foi-se meu dia, cumprida a missão
O vento me reparte, a chuva ajuda a lavar
Ajuda a levar, e mais rápido acabar
Não me arrependo nem um pingo
Sou eu, como um grande jornal de domingo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Simples Pedras no Caminho


A idade chega e até as coisas mais simples começam a ficar complicadas, começam a ficar difíceis. Quando jovens e fortes, carregar pedras não são grandes problemas, destruir coisas é divertido, mas a idade chega e as pedras pesam.
Depois vem filhos e a revolta e maturidade que eles nos trazem, “São meus e ninguém tasca!”, mas eles crescem e têm seus próprios filhos, seus próprios problemas e suas simplicidades.
Ser simples é simplesmente saber quem amar, lutar pela sua comida, carregar suas próprias pedras. Festejar com passeios e churrascos, mesmo sem ser convidado.
Ser simples é aceitar a idenpendência e a separação de entes queridos e simplesmente se preocupar com os que ficaram, amando-os como sempre, amando os que partiram como sempre e celebrando esse amor no exato momento em que eles voltam.
Simples é ter amigos bem diferentes, amigos pretos, brancos, amarelos, pretos e brancos, amarelos e brancos, amarelos e pretos e ainda amarelos pretos e brancos, bem caras de pau, todos misturados.
Simples é brigar com os amigos e resolver isso somente com olhares, raramente dentes, vezes unhas, mas nunca as perigosas palavras.
Mas simples pode ser difícil, simples fica difícil quando não se pode cortar o pêlo da bunda e ficamos molhados de xixi toda vez, fica mais difícil é quando nem controlamos nosso próprio xixi. Fica difícil quando a nossa visão se limita em 3 a 5 metros, e quando não podemos limpar nossas próprias remelas, e quantas remelas... fica difícil quando a escada nos trai.
Mas sempre continua simples, basta a comida vir no horário, basta um cafuné na barriga, um talco no corpo, basta roubar a comida dos amigos, e claro, as vezes voltar a carregas nossas próprias pedras.

Quem me dera ser tão simples.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Querido Diário (parte 4)


Foi quando eu tinha uns onze anos que meu pai voltou e me levou da zona rural para a cidade de Brumado onde ele havia comprado uma casa, era numa rua pavimentada com placas hexagonais de concreto e ligava o barracão de comércio de gado até uma estrada de chão nos limites externos da cidade. A casa era azul, pequena porém bonita, ficava ao lado de um templo religioso onde as pessoas se juntavam pra gritar feito loucas por Jesus, sempre me chamavam, eu até fui algumas vezes mas não gostava nada daquelas músicas e no fundo achava que Jesus, se pudesse ouvi-nos não seria pelo volume dos gritos, fiquei até com medo de acabar perdendo minha audição se acompanhasse todos os cultos, já bastava os que era obrigado a ouvir de casa mesmo.
A verdade é que preferia ir para o bar ouvir os velhos a beber e jogar bilhar na esquina, um lugar simples mas movimentado. Lá eu sempre ganhava uma tubaína e beliscava algum tira-gosto, ali se comia de tudo, de carneiro, bode, boi ou porco geralmente frito, os rins, as tripas, o fígado ou um ensopado dos testículos ou do rabo com um gordo e delicioso pirão. Quando tinha matança muito boa no dia chegava até o cupim, também era comum achar alguma caça ou pescado das redondezas, comi tatu, paca, caetitú, teiú, jibóia e muita traíra. Daquele lugar, além da gastronomia guardo na memória até hoje algumas lições muito importantes que aprendi, principalmente sobre as mulheres, coisa que com certeza eu não aprenderia no templo.
Nessa época batia punheta umas três ou quatro vezes por dia, geralmente pensando nas raparigas que as vezes apareciam no bar ou naquelas que posavam para os calendariozinhos que os velhos me davam, era um masturbador viciado, todo dia de manhã, antes da aula, de tarde depois do almoço e antes de dormir, sendo que às vezes no meio da tarde, dependendo do que encontrava na rua ou do filme que passava na sessão da tarde.
Minha professora era uma velha gorda e não me servia de inspiração, até gostava dela, diferente dos outros alunos, afinal de contas ela sempre me protegeu, certamente por que eu era um coitado sem mãe cujo pai vivia a viajar, não me importava nem um pouco com essa imagem, contanto que me fosse útil para alguma coisa. Não que eu precisasse de protetora, sabia me cuidar, se me provocassem colocava em prática tudo o que aprendi com meus primos, depois de enfrentar aqueles dois os fracotes de minha sala nunca me intimidaram, na verdade eu me interessava mais em provocar os meninos das turmas mais velhas (que eram da minha idade), pra impressionar as garotas.
Sempre que brigava na escola as professoras e diretora me protegiam, para continuar com esse respaldo eu sempre fazia minhas obrigações escolares e tirava boas notas, e batendo nos outros garotos comecei a ficar popular entres as meninas, porém o que elas queriam naquela época não era bem o que eu esperava, então descobri que as que eu realmente queria não estavam na escola.
Passava os fins de tarde e finais de semana nos botecos, as quengas me mostravam  suas e as vezes até deixavam-me tocar partes de seus corpos, mas nada além de um sutiã ou calcinha, nunca deixaram pôr a mão por baixo dos panos, afinal eu não tinha dinheiro mesmo. Por ironia divina onde consegui algo a mais foi justamente onde menos esperava, no culto.
Eu tinha treze anos e ela dezessete, era irmã de um moleque da escola que era também meu vizinho, eu já a tinha visto no templo e acho que ela me reconheceu um dia quando foi buscar o irmão depois da aula, se chamava Cláudia e era muito simpática e carinhosa comigo, longos cabelos lisos e negros, tinha também muitos pêlos nos braços e no pescoço, uma penugem que se sobressaía de sua pele clara por baixo de suas orelhas levando o contorno do rosto até os maravilhosos seus lábios carnudos, era uma deusa! Sempre me esperava pra que fosse-mos juntos para casa depois da aula; eu, ela e o gordinho. Era muito gostosa e fiz amizade com o seu irmão, um chato que nem me lembro o nome, pra poder ver mais das partes da bela crente que vivia coberta em longas saias e blusas de manga comprida, peguei belos lances de suas pernas estando em sua casa, eram pernas magras mas bem feitas, com seus pelinhos lisinhos nas coxas desaparecendo aos poucos, terminavam em um largo quadril, já pronto para receber um homem pelo meio.
O garoto lá irmão dela só queria saber de jogar futebol, mas como para mim não era interessante sair de casa ensinei-o a jogar cartas, ele era muito ruim mas até o deixava ganhar para empolgá-lo, enquanto isso olhava a Cláudia transitando pela casa, seu quarto era o último da casa, sendo o primeiro para quem vinha do quintal, então esse era um grande motivo para eu me hidratar a todo momento, entrava pelo quintal a passos lentos até a cozinha, uma vez a peguei dormindo à tarde, ela estava usando um shorts bem curto e leve, de bruços com uma das pernas dobradas revelando uma pequena fileira de sua calcinha branca, me aproximei vagarosamente e me abaixei para sentir o cheiro de sua flor, aquele dia foi mágico! Minhas entranhas travaram com o aroma do meu maior desejo entrando pelo meu corpo, percebi pela calcinha a leve saliência como um gomo de tangerina, daqueles ainda não totalmente maduro, firme, cheio de sumo e com um aroma que tomava todo o ambiente.
Quase todos os dias eu estava na casa dela, digo, do gordinho; jogando cartas, futebol de botão ou bolas de gudi no quintal, nada de futebol ou pipa para tirar-nos dali. Estava obcecado por ela.
Ela começou a perceber meus olhares e a brincar comigo, me dava até selinhos, me abraçava esfregando os seios em meu rosto, apalpando a minha bunda e tudo mais enquanto eu pegava intimidade com o tempo. Volto a afirmar que ela se tornou o maior senão o único motivo de minha masturbação por um bom tempo, me enrijecia só de chegar perto, e mesmo longe conseguia lembrar de todos os detalhes da superfície daquele corpo, dos sinais sobre a pele alva, dos pêlos em maior quantidade que os das outras garotas, minha memória devolvia com frequência o seu aroma aos meus sentidos fazendo pulsar todo meu ser. As horas no banheiro já chamavam atenção de meu pai e de sua esposa mesmo no pouco tempo que eles ficavam em casa, por várias vezes eu já estava com minha glande avermelhada e dolorida e mesmo assim não conseguia parar, era patológico.
Enfim em uma terça-feira, toquei na porta e ela estava sozinha em casa, me chamou pra entrar, tinha acabado de chegar da oração e estava em seus trajes típicos, falava alguma coisa sobre o irmão que chegaria logo enquanto tirava a blusa e caminhava pelo longo corredor da casa, fui atrás e entrei em seu quarto sem dizer nada, ela me viu e sentou a cama me chamando para sentar ao seu lado, “essa gata só de sutiã ao meu lado!!”, ia tirando os sapatos e ajudei, levantei minhas mãos e ela as colocou no meio de suas pernas, estava muito quente lá, acariciei um pouco, estava muito ansioso para olhar e levantei sua saia toda, ela sorriu e me mostrou como queria que eu a tocasse com minhas mãos. Havia aprendido ali outro truque, não tão bom fisicamente como fazer em mim mesmo, mas saí dali me sentindo um verdadeiro homem, que sabia dar prazer a uma mulher.

sábado, 23 de outubro de 2010

Baseado em inspiração

Com o cigarro na mão ela puxa,
Assunto.

- Acho que apertei demais isso aqui, você quer?

- Não, não quero.

- Vamos escrever alguma coisa, isso tá batendo em mim e sei que você não precisa de inspiração.

- Não, tô sem saco. (sem tirar o olhos de Factótum)

Ela ria descontroladamente, já sob efeito.

- Vou escrever sobre isso.

- Bah, você escreve mal, vai ficar uma merda.

- Você que é um estúpido, acha que é escritor? escritor de merda! nada que escreve faz sucesso, só agrada seus amigos idiotas.

- Pelo menos me agrada.

- Você não tem nada, um fracassado, seu emprego é uma droga, sua escrita é uma droga, até seu sexo é uma droga.

- Você acabou de dizer que eu não preciso inspiração, basta sentar e escrever, levantar e trabalhar, deitar e foder. Além do mais acho que você gosta de drogas.

- Eu sou tudo que você tem. Eu sou o melhor e o pior de você.

- Esquece isso, eu tenho meu trabalho, meus amigos idiotas, meus discos, meus livros e meus textos.

- Ah, então por quê você não vai ficar com eles de uma vez? por quê passa tanto tempo comigo?

- Não sei, talvez porque eu não possa trepar com eles.

- Você me dá pena!



depois de meia hora somente ao som de Dylan.


- Não preciso de sua piedade, tenho outras mulheres.

- Vai trepar com elas então e vê se escreve algo mais interessante por conta disso, algo novo, algo que faça sucesso. Falta muito em seu texto, falta algo cotidiano, falta emoção e talvez um pouco de violência. Falta sangue!
Você escreve sobre sexo porque não consegue fazer isso, me deixa em casa e nunca me come, sempre com seus probleminhas emocionais.

- Não te como não é? falta sangue?
Me avisa quando estiver menstruada então.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Corpo, D'vida


 Meu corpo descrente da vida



Meu corpo derrubava a vida,
Meu copo enchia e esvaziava sem vida.



Meu corpo desvairando minha vida,
Ela me chegou de forma sublime.
Cuidado, Carinho e Pavor...



Meu corpo desidratado de vida,
Mas parecia cheio em seu olhar devoto,
Como uma aluna aplicada colhendo lágrimas.
Enchiam seus olhos e meu todo.



Meu corpo despertando na vida,
Cada gota dela nascia, aumentava-me a luz
Me devolvia ao mundo
Seu medo de me perder só era menor que o meu de não saber,
Se existe e qual o seu sabor?



Meu corpo desejando pela vida,
Sua saliva salgada, meu soro;
Sua pele despida, aspiração.
Meus dedos pediam senti-la,
Cada texto de seu corpo tinha de ser lido cuidadosamente
E tudo ao mesmo tempo.




Meu corpo deglutindo a vida
Dez dedos, uma boca e o nariz a percorrê-la
Sentir todos seus gostos misturados
E cada um em separado
Saboreá-la ali
Prolongando cada gole,
Sem parar de bebê-la.



Meu corpo devorando a vida
Cada sinal “relevando” sua pele, me trazia aos poucos
O sabor que temia não conhecer
Entre suas linhas caminhei meus riscos
Buscando aproveitar cada paisagem dos seus sons
Cada pulsar dos estômagos apertados
Das unhas coladas nos pés
Das gotas trocadas nos cabelos.




Meu corpo deleitado com a vida
Exausto em adoração,
Completo, sóbrio, refeito e cativo
Minha morte anunciada se fora,
Me salvou com tudo que tinha
Agora tenho tudo que preciso,
Meus dedos voltam a tremer,
Buscando linhas e flores na vida.
Que se provou existir.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Venda = Compra

Estou sem paciência para política,
Estou sem paciência para religião,
Tenho apenas paciência para o futebol.
Dos três temas mais polêmicos da humanidade, intocáveis, indiscutíveis....

Pelo menos para um vendedor como eu.
Me agrada o mais romântico,
Talvez por ser abertamente comprado e vendido,
Talvez por ser o menos comprado e vendido.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Quanto Valem


Continuo a valorar as coisas
E sei quão barato eu sou
Todas as mulheres que podem me interessar são muito mais caras
E não por suas roupas,
Não por  seus colares e sapatos,
Não por suas bocetas e seus peitos.
Mas por seus olhares culminantes,
Pelas palavras sutis e despreocupadas,
Pela maternidade instintiva,
E talvez opção de me ter ou não.

Nada que se possa comprar com o que tenho.
Sabedoria e sentimento tem preço?

Fui comprar cerveja e achei uma estante com bons livros,
Gastei bem menos com a Heineken que com a L&PM
Me enchi de clássicos
Esta noite nada me tormenta,
Estou completo em mim
Cerveja, sopa, cigarro  e cachaça
Entre Chinaski, Bandini, Huxley, Amado, Gregório, Puzzo e London
Jogados em minha cama implorando para serem abertos.
Entre Johan, Elomar, Ludwig, Hendrix, Dylan, Gal e Holiday
Estacionados no aparelho esperando um botão para tocar
Estou inatingível, fechado entre monstros, absorvendo algo intangível
Satisfazendo-me, na saudável insônia de um sóbrio
Todas as mulheres baratas sem cultura nem sentimentos
Não sabem a explosão de sensações que há em mim

É quando recebo uma mensagem no celular
“eu ti amo gleidsson”

Teria faltado uma vírgula e o "Gleidsson" estaria apaixonado?
Estaria o "Gleidsson" preenchendo o coração de alguém?
Agora percebo quanto os autores não valem nada,
Canções sozinhas não valem nada,
Poemas solitários na noite não valem nada.
Mais vale o “Gleidsson”
Mais vale a mulher do “Gleidsson”
Que eu, que o alcool, que todos os babacas escrevendo e compondo sem fim.


Pelo menos ele também não recebeu a mensagem.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Quanto Valho


Estou obcecado em calcular o meu preço
Todos os dias assim que saio de casa.
Pior é fazer as pessoas ouvirem isso o tempo inteiro.

Sapato mocassin furado, quinze reais
Calça quadriculada estilo cult bissexual, vinte reais
Camisa lisa, oito reais,
Cuecas novas, oito reais,
Vezes um chapéu de quinze reais,
Vezes uma sandália de couro pelos mesmos quinze do mocassin,
Celular Feiraguai mordido de Dogo, talvez dez a vinte,
carteira de Camel a quatro e cinquenta, 
e os fósforos são de brinde.

Entre oitenta e cem reais é quanto valho hoje
Meu carro vale bem mais que eu,
Por isso antes de estacionar preocupo-me com o bem estar dele
Mais que com a minha caminhada

Geralmente entre oitenta de um dia comum
E duzentos de uma noite especial
pode me comprar tudo por esse valor
e ter-me completamente nu.







O problema é depois eu conseguir dormir
Acrescente uma garrafa de bebida
E talvez alguns Valium
Não sei exatamente quanto Valium

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Passo

- Aqui na Bahia se sai com a bucha de ás.
- É? Lá em Recife a gente sai com a bucha de sena mesmo.
  E tiramos quarto pedras.
- Não "entendir", como assim? Tipo cava?
- Não, não! Nós jogamos com seis pedras cada e quatro no escuro.
- Discordo um pouco, tudo isso é uma merda!
- Tem razão. Mas não fique tão mal só porque ela troca músicas de amor com outro,
  tudo na vida passa.
- Até a uva passa.
- Também a banana passa.
- Se a banana passa eu também passo.
- Concordo um pouco, rs rs
  afinal, onde não passa nenhum passa um e onde passa um passam dois.


- Que horas são?
- 01:03
- Hum, amanhã preciso marcar um dentista,
  não tô conseguindo nem comer abará.
  É que tem um buraco aqui que
  passa quase um camarão inteiro,
  a salada inteira passa.
  É, de fato, tudo passa.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sexo, Alcool, Merda e cachorro-quente de soja...


Não sei como vim para aqui, comendo cachorro quente no bar, envolto por pessoas que me parecem estranhas, que horas serão? Quem são eles?
Realmente não me lembro de nada desta noite, mas estou começando a recordar sobre o meu dia, para tentar descobrir como cheguei aqui.
Acordei mal, na verdade nem dormi direito... Uma diarréia dos diabos que me acompanhou a madrugada inteira. Lembro de André ter me ligado por volta do meio dia falando sobre uma festa de universitários  e pediu que levasse alguma bebida, não tinha comido nada ainda, então peguei uma maçã, uma pêra e saí de casa às duas e meia, comprei uma água de côco na barraca e procurei uma farmácia, mas já haviam mais de três horas de alívio então resolvi economizar no remédio e investir em uma Vodcka de melhor qualidade.
Quando cheguei André já estava lá com o Leo e o Walter acompanhados por Natasha e Smirnoff quando eu e Orloff nos chegamos, o refrigerante de limão ficava no chão e subia vez em quando aos copos.
- Porra caras, tem bebida pra caralho aqui tinha certeza que meu pedido seria em vão, mas vocês capricharam. Foram essas as boas vindas do André.
De lá pra cá se passaram muitos goles, muitas músicas, alguns foras e provavelmente nenhuma comida, a não ser esse cachorro quente. Puta que pariu!!! Esse cachorro pode me matar, se não de cagar será de vergonha, será que estou com alguma dessas garotas ao meu lado? As duas são estranhas, mas depois da orgia russa tudo é possível, uma baixinha peituda com os cabelos lisos e pretos à minha direita e outra magricela alourada com belos olhos e algumas espinhas a minha esquerda, elas falam e riem enquanto meus ouvidos parecem ainda estar em “stand by”, pelo menos meu cérebro voltou à sua normalidade, o que não posso chamar de sanidade.
Ah, olha lá o Walter, voltou da ladeira acompanhado de outro fulano, olhos vermelhos, risos constantes e cheiro característico. Não tenho certeza se se esse é o mesmo amigo de André que eu conheci no aniversário dele, mas pouco importava, era a pessoa mais próxima no momento.
- Porra Walter, me ajuda cara, acho que apaguei e não a faço a menor idéia de onde nem com quem estou.
- Cara, que onda é essa ?! Relaxa, cê tá no Rio Vermelho.
- Que eu tô no Rio Vermelho eu sei porra, mas o que está acontecendo?
- Hahahahahaha, véi não sei direito também não, passei mal de cachaça e fui pra casa, mas daí você me ligou falando que tava com umas figuras e sozinho e eu voltei pra te ajudar, hehehehe, porra você é mais doidão que eu.
- E vem cá, qual delas tá comigo qual tá contigo? E quais os nomes?
- Fiu, tô de lero com a loirinha, mas ela tá se saindo. Você tava num amasso da porra com a peituda, mas não tô lembrado no nome da sua figura não.
Algumas coisas haviam se esclarecido e meu ouvido voltado a funcionar, agora eu estava totalmente de volta, cabeça tronco e membros, foi quando a srta sem nome falou pela primeira vez comigo sóbrio, ou meio sóbrio.
- E aí gatinho, esse “hot” de soja é bom?
- Não tem gosto de soja, na verdade só soube que era de soja agora, se é que realmente é, mas tem um efeito fantástico contra embriaguez, se eu estivesse sóbrio não pediria de soja.
-hahahaha, você é ótimo, que bom! Pois eu quero você bem acordado hoje a noite.
Terminou a frase engolindo minha boca ainda com um pouco de pão e purê de batatas que se misturou com sua língua e comprovou que todos os sentidos e principalmente membros estavam de volta, firme e fortes.
Junto com o tesão veio a vontade de esvaziar a bexiga, caminhei até o banheiro e um senhor fedorento estava próximo ao balcão, fedia como se não tomasse um banho ha semanas e ele encostou em mim, estiquei meu braço empurrando-o para longe mas ele não caiu.
Haviam dois banheiros femininos e um masculino no final do bar, em um tipo de corredor comprido formado entre uma parede à direita e o balcão à esquerda na primeira metade, depois se fechava em apenas paredes vermelhas, no banheiro só tinha uma latrina e três mictórios, mas nenhuma pia, o que revelava muita coisa. Tinha um jovem assustado mijando no vaso, meio de lado virado para a porta parecia temer quem quer que chegasse, calças apertadas, camisa quadriculada e tênis “All Star”, roupas de quem realmente teme qualquer um. Parei no primeiro mictório, o mais longe da latrina, não queria que o magro seus “dreads” e seu “All Star” ficassem me olhando com aquela cara de medo, pessoas com medo podem ser realmente perigosas, um dia pulei um muro de dois metros e meio de uma vez só por medo de um cão, depois disso não duvidei mais do medo nem dos filmes de Bruce Lee.
A urina logo saiu, ainda com o moderninho por lá, soltei alguns gases enquanto mijava, sempre faço isso, não sei se todos fazem, mas é certo se eu mijar ou peido ou me arrepio quando não os dois. Saindo do recinto procurei uma pia, imaginei que haveria uma comum a homens e mulheres, mas não. Por sorte um dos banheiros femininos estava aberto e lá tinha como lavar minhas mãos, depois de lavá-las saí sacudindo e enxugando-as no cabelo e soltei mais dois flatos, porém este último saiu um pouco quente, e a quentura pernaceu até chegar a mesa.
Pensei em voltar, mas já era tarde, não sabia se realmente tinha me cagado ou não, será que vai feder? Porra, será que aquele cara fedido do balcão também tinha se cagado e não voltou para sua mesa por isso? Enquanto me questionava novos movimentos peristálticos vinham, e eu só conseguia pensar nisso, minha situação requeria concentração, calma e frieza para segurar os gases úmidos e pensar se deveria ou não comer aqueles peitos desconhecidos e sedentos.