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domingo, 23 de janeiro de 2011

Chão Aberto

A angústia

Algo me revira por inteiro, sopra minha alma. Mesmo sem acreditar nela, nesta hora me apego a tudo que posso, basta ouvir seu nome, coisas ligadas a ela.
Como é possível não conseguir desapegar de algo que sempre te fez tão mal?
As maiores fraquezas emergem, os piores sentimentos.
Insegurança, mêdo, dor, raiva, e a grande decepção por si mesmo.
Todas as conquistas e qualidades se tornam nulas, insignificantes diante dela.

A perda.

A perdi esse ano, venho sem conseguir juntar minhas forças para lutar, luta que perdi antes mesmo de entrar. Primeiro ela me tirou meu pai, o que me fez admirar ainda mais minha mãe. Hoje ela é o único motivo que enfraquece essa admiração, que de nada me serve neste delicado tema. Matou três pobres homens que lá viveram, num intervalo de cinco anos, três almas se foram e não matou a fome daquele chão aberto.
Alma, a minha definha em seus pensamentos e só fujindo consigo sobreviver.
Como conseguirei viver a fugir do meu maior tormento? se ele não foge de mim?
É como um passado assustador, que te aperta de tempos em tempos, que sobe para respirar e tira seu sangue, seu ar, seu controle totalmente. Não consigo descrever com metáforas, poemas nem nada de mais humano que eu venha a ter em mim. Simplesmente desfaço dos meus próprios conceitos e de qualquer resquício de sanidade, não penso.
Tremo, me reviro em nós físicos!

A maldição

Começo a crer que tenho incapacidade de solucionar meus problemas, começo a crer em espíritos mais fortes que todas as correntes de pensamento, chego a achar que meu problema é sim maior que o dos outros, mesmo não sendo.
Como pode ser coincidência?
Como pode haver um lugar tão "almadiçoado" para alguém?
Amaldiçoado define bem, não sei sua etimologia, mas deve ser algo do tipo que se diz mal, que diz o mal ou que traz o mal. Escrevi isso errado "almadiçoado" pois soa exatamente como me sinto, com minha alma ou espírito, ou meu corpo inteiro incluindo partes fora dele suando em bicas.
Não acredito em maldições, mas hoje soube da morte do quarto inquilino de seu chão.
E a forma que me sinto morrer ao saber disso, eu não consigo explicar nem expressar, e tentando isso delongo tantos minhas linhas.

O escritor

Pela primeira vez escrevo algo tão sobre mim por aqui, algo tão real.
por isso o desabafo não pode parar, senão ele não volta.
Queria ser escritor, queria mesmo. Comecei juntando as letras, acho que nisso sou igual a muitos.
só nisso. tentei viver de forma que me inspirasse. Lugares e pessoas, quanto mais ricos e diferentes melhores, mas de nada isso adiantou. Li pouquíssimo, mas esse pouco só me piora, tenho excelente memória, a única coisa que ajuda. Consigo ler um texto que ache genial e dividi-lo em dez porcarias, cada uma fazendo menção há um trecho da genialidade alheia. Gostaria de poder ler dez coisas quaisquer e poder fazer uma genialidade.
Minha inspiração é igual a chuveiro aquecido pelo calor do sol, funciona bem quando você menos precisa dele. Então escrevo sem inspiração, qualquer porcaria que seja para esquecer da maldição.
"O maior escritor da atualidade", me disseram que eu me julguei isso.
Devo ter dito mesmo, bêbado ou não, não me lembro. O fato é que estava sendo sarcástico. Com certeza, me lamento por não entenderem sempre meus sarcasmo, mas isso só mostra minha insegurança.
Não faço idéia de quem seja o maior escritor da atualidade, mas acredito que ele deva ser o maior de todos os tempos. Não só pelas ferramentas literárias espalhadas mas pelo crescimento na estatura média da população mundial, além do mais teoricamente quanto mais escritores existem, maior a chance de escolhermos algo muito bom.
A primeira pior teoria do mundo, a teoria mais furada que já vi, realmente mais opções não significam melhores escolhas, a não ser no campo do melhoramento animal, coisas parâmetros quantitativos.
Blogs, livros baratos, e-books, TOPA, e pessoas mais altas é a grande fórmula de aumentar-mos as chances dos grandes escritores.
Todos são escritores, médicos, loucos, fotógrafos e tocam pandeiro.
Isso já me irritou, por que a grande, grande maciça maioria são péssimos.
Assim como eu sou, somos quase todos: Porcarias de médicos, seres fingindo ser loucos para serem diferentes, querendo acompanhar os amigos no pandeiro para serem divertidos e interessantes, querendo tirar fotos bonitas e "artísticas" de paisagens e pessoas pobres, mas principalmente juntando letras engraçadinhas em trocadilhos previsíveis.
Todos fazendo suas próprias porcarias.
Admiro quem vive dessas coisas, quem consegue renda, quem conseguem agradar e ser melhor em coisas teoricamente tão fáceis.
Olha a segunda pior teoria do mundo aí gente!!!! Exatamente pela facilidade que se tem hoje, por tudo que falei de blogs, e-books e falsa alfabetização, pelo costume de receitar remédios a amigos e parentes, pela facilidade de usar roupas extravagantes, de comprar uma máquina digital, de ter amigos músicos e batucar na Bahia (Culpa de Saul que disse que todo menino do pelô sabe tocar tambor).
Desse ponto de vista sou melhor médico que todas as outras coisas, afinal ainda me pagam por umas receitas aqui e ali (não para pessoas), apesar deu saber que me pagam muito mais pela simpatia e disposição.

O Sonho

Queria poder juntar dez textos em um, depois fazer deste texto um parágrafo, deste parágrafo uma linha. Uma linha genial que remeta a dez porcarias.
Queria isso ouvindo Gal gritar nos meus ouvidos:
"No fundo do peito esse fruto, apodrecendo a cada dentada!"
Na verdade, escrevi isso para esquecer o motivo principal de tudo, mais uma vez, escrevo sempre para esquecer disso. Esquecer dela.
E funciona, sempre funciona. Até o texto acabar, depois volta.
Queria tirar do peito esse fruto podre, queria me livrar da maldição.
Sem perdê-la, sem morrer.

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. A vontade de apagar isso corre forte em mim, e correrá sempre.

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  3. inc´rível é ver as coisas que guardamos dentro da gente.... e por mais que queiramos confiar nos outros nem sempre é possível.... para nós.

    Quaaantas vezes for possível lerei isso aqui sabedo que talvez pela segunda vez.... eu relamente esteja vendo Ivan.... e só uma parte dele.

    Daqui a pouco ele muda de novo.

    Roberto, Ivan, me permita conhecer você. Disso eu gostaria muito.

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  4. Acho que não vou cansar de dizer as coisas que consigo enxergar com seus textos... são nomes, cores, sentimento, angústia, prepotência, sarcasmo, apelo, mentiras, verdades... tanta, tanta, tanta coisa. Consigo separa em estrofes e qualificá-las... uma por uma. Qual o período literário, fonética, influências, colocar o que você quis realmente dizer com isso ou aquilo.. tipo prova de literatura?...rsrsrs

    Mas quero deixar bem claro a minha indiginação com a frase “"O maior escritor da atualidade"... Sinceramente não acredito que você tenha se julgado assim, e se o fez, sabe bem de onde tirou essa frase, sabe muito bem para quem foi dito isso... é so pegar um dos seus livros aii e ler o prefácio.. vai achar rapidinho.

    Mas isso é uma características de sua escrita, alias é bem claro a sua influencia... o criador e a criatura. Pelo menos você tem bom gosto! Mas ta tudo bem parecido com ele... talvez isso seja um elogio!


    “Tome todos os prazeres de todas as esferas, multiplique-os por anos intermináveis, um minuto de céu vale todos eles.”

    Essa frase é de um autor que você também gosta, e que também serviu de inspiração pra outro, que se tornou tão bom quanto... no qual você se inspira.

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  5. ah, essa do maior escritor e da maior estatura foi riícula!!! ri demais! um bom momento cômico diante de tanta tensão.

    (odeio ter que digitar esse código aqui... tira isso)

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  6. Nossa !!!
    Muito bom esse seu texto.
    Muito vivo e realista.
    Parabéns

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